Saudade de
“Coloquei o filtro da arte naquela cena comúm e a luz que até então estava escondida veio surpreender-me com seu poder de claridade. A mulher simples, mãos calejadas de lida rotineira, mulher que aprendeu a curar as dores do mundo a partir de quedas e estripulias. Aquela mulher, minha mãe, rosto iluminado por uma labareda que tinha origem no fogão de lenha trazia consigo o dom de me devolver a calma que a vida tantas vezes insistiu em me roubar. Aquela cena, mulher fogão de lenha, panela preta, escondendo a brancura de um arroz feito na hora é uma das cenas mais preciosas que meu coração não soube esquecer. Saudade de mãe é coisa sem jeito chega quando menos imaginamos: um cheiro, uma melodia, uma palavra, uma imagem e eis que o cordão do tempo nos convida ao retorno a infância, como se um fio nos costurasse de novo ao colo da mulher que primeiro nos segurou na vida e agora pudesse nos regenerar. Saudade de mãe é ponte que nos favorece um retorno a nós mesmos. Travessia que nos recorda uma identidade muitas vezes esquecida, perdida na pressa que nos leva. Saudade de mãe é devolução, é ato que restitui o que se parte; é luz que sinaliza o local do porto, é voz no ouvido a nos acalmar nas madrugadas de desespero e solidão através de uma frase simples: “dorme meu filho, dorme”. Hoje, nesse dia em que a vida me fez criança de novo; neste instante em que esta cena feliz tomou conta de mim, uma única palavra eu quero dizer oh, minha mãe que saudade eu sinto de você!”

"A mãe da gente sempre fica na saudade"
Mãe...
“Mãe eu lembro tanto a nossa casa. As coisas que falou quando eu saí... Hoje eu já sei, ó mãe querida, nas lições da vida eu aprendi.
O que vim procurar aqui distante eu sempre tive tudo, e tudo está aí. O sonho de grandeza, ó mãe querida um dia nos separou.
Queria tanto ser alguém na vida... Obrigado mamãe”.
(Fábio de Melo).
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